Marvin, o que acontece
quando uma Pitanga te beija
enquanto anoitece?
A gente deixa a-noite-ser
a gente
E servimos de estopim
ao infinito quermesse
de querer ser Querubim (QueroBem)
É só a chuva lá fora...
Mas não, não durma agora
Por que os pingos caem daqui?
Por que falta um pingo
de mim
nessa tempestade existencial
sem fim?
Se é preciso estar no alto
pra se atirar,
baixem os narizes,
avisem que vou ficar
A vista daqui é tão normal...
Não lembrava
que ainda existia
esse velho morro
tão banal
Me sinto dentro
dum Cartão Postal...
"Fui eu... ou foi o destino?
Se eu tivesse feito diferente?
Mudava o meu caminho?
O sonho virava destino?
O fim... não é quando a estrada acaba"
Mas João, tu é de Santo Cristo!
e desse "Morro"
sequer vejo a minha casa...
O Passado, com seus galhos,
a tapa
Talvez seja bom,
talvez faça bem
esquecer e relembrar
donde a gente vem...
Pronde a gente vai
Achar coisas
que vamos perder
Perder coisas
que há muito
deixamos para trás...
Venha, Marvin,
vamos nos atirar
Talvez sejamos mais
quando a gente
lembrar
de recomeçar
(Céu, seu, abriu)
Oh, Camelo!
Também vou sair
por aí
Viver conforme
o disforme
que vier
Mas se não der
arranco as correntes
da rotina
E que'u me forme
nesse não-saber
da vida
Só pra me ré-des-cobrir
e sair desse frio
Tirar o pé do freio,
fazer da minha sina um realejo
Viajar numa laje
de concreto
onde toda hora
é hora do recreio
Me recrio!
Sou só(L)
sustenido
Mas não sustento!
cansei do ex-cesso
de contentamento
Por que ninguém vê
que as falsas bolhas
de ''e se"
só se estouram
de dentro?
Faz tempo que quero
descansar
Cansar o cansaço
Me desfazer
num monte
de diz-faço
(Não disfarce!)
Vou sair,
viajar,
velejar!
Verei o mundo
com outros ouvidos
ouvindo uma ou outra canção,
das quais muitas já me são,
da Banda do (A)Mar...
No espaço, as lágrimas sobem?
Voam ao invés de cair?
Não podemos sucumbir?
Dizem que nem se chora...
A grave-idade impede,
se der bobeira
Pode até te levar
à nebulosas,
Nebulosas que já foram
costumeiras....
Cada casa... um certo número de pessoas...
Pensando em tantas coisas...
Fazendo tantas coisas
Casas cheias, vazias
Luzes esquecidas acessas
Lembranças esquecidas sob a luz
Cada pontinho, cheio de pontos internos
Mal sabem que sâo estrelas, daqui
Cada pontinho, então
É uma constelação
Ei, se não estou com luzes acessas,
como podem me ver daí?
Não me julge
Não com-juge
Não sou verbo
Sou um não-ser
Que de tanto pare-ser,
parou.
E agora desanda
Diz, anda
Só não ama
Pariu
a própria ausência
Que lhe cozinhou um fubá,
desandado
Que só engatinhava
E dizem que sorrindo, ao ver
Ele entendeu
que como Rubel,
a vida só se dá,
pra que c(s)e-deu.
Ela ainda não aprendera
a andar na calçada
Andava descalça,
fazia do vento
sua mala-sem-alça
Saltava entre os pré-conceitos
daquela estranha
e socia-idade
Dormia nas entranhas
do existencialismo,
era mulher nascida
do sol da tarde
Poente
Mas tinha medo
Tanto medo!
de não ter medo
do medo
que há-sombra
tanta gente...
Não sabia de armas,
só de narizes
Única arma
que conhecera
era o Arco-
-íris
E quando as fortes chuvas
vinham
ela cor-ria
pros pingos
de cera
Quando sumiam as luas
brincava de ex-Conde-
ex-Conde
com os mais antigos
Marajás
Menina sab-ida,
será?
Ser-há?
Sem haicai
Sem mal-dizeres
A moça fazia
até insônia dormir!
Só não dormia.
Não importa o quanto
se ex-vai
Se ex-vai-ia
Se ex-vazia
Dentro de si,
não,
ela não dor-mia.
Vem,
com teu posso lento,
com teu passo
feito valsa
Deixa eu deitar no teu peito,
fazer dele meu cais,
meu caos,
meu leito
E traz tua roupa de cama,
tua roupa de calma...
Fechou os olhos,
sentindo a dança
de nariz
Os toques de giz...
Tudo é branco,
não há giz de será,
só de estar
E estamos...
Os lábios sobem
no ritmo da dança
e boca alcança...
Nem o tempo,
soube do tempo
mas não se cansa...
Dois lábios,
dois rios
Dos dois lados,
dois risos
Os dedos finos dela
passeavam
afinando as curvas
que as bochechas dele faziam
ao sorrir
Ele dedilhava-lhe
a cintura,
dando quentura
ao arrepios
que estariam
por vir...
num toque
num tic
num tac
Suas próprias preces,
sem pressas,
pediam por eles
"Que'ssa noite
não a-cabe"
As cenas voavam, corriam
em sua cabeça
No céu, cores riam,
iam e vinham...
Era dia de comemorar,
no velho Azul
Afinal, uma volta inteira
(Ou talvez meia?)
no Sol
não faz mais algum
A pólvora no ar
o lembrava das cinzas
que um dia foram claras
como neve
"Marvin, eu tentei tanto estar!"
mas se conteve...
Os fogos rugiam,
vorazes
As lembranças
não fugiam
Mas vinham,
sorrindo
queriam fazer as pazes
"Eu sei, eu sei, Marvin!
É tudo uma medição
de tempo
do tempo que a gente tem
O que importa não é quanto,
mas quem..."
Todos os outros planetas
olhavam para o Planeta Sonho
Todos os Sonhos
olhavam para os outros planetas
Era esperança que buscavam?
Ou a promessa de um falso "cometa"?
Ele não sabia dizer,
tão pouco sentir
Era uma dentre tantas
outras incertezas
que estariam por ir
"Marvin, como se chama
o medo de mudança?"
"Não se chama,
não aquece...
É uma fobia,
tão fria...
Um falso-quermesse
dentro de bolhas de medo
Cada um em sua,
só existem...
sem dar a incerteza
sequer um cortejo!"
Era bom estar em casa
"Re-cor-dar-me", pensou
e assim, sentado no velho carvalho
a noite passou
Desejou a ela um bom dia
e a Serena, ah, sorria...
Em outros cantos
daquele Planeta
Sonhos sonhavam...
ainda buscavam falsos-"cometas"
Outros sentiam
que tudo era
mera
medição
Alguns...
só sentiam,
re-cor-davam-se
Umas pinceladas
não fazem mão,
nem mal,
afinal...
"Marvin, feliz ano diferente"
"Que todos os que passaram
e que passarão,
(Até os passarinhos)
sorriam em nossos caminhos
cruzados
Em nossos dias atados...
com ataduras"
"Porque um 'Cometa'
pode passar rápido
Mas sabe...
até que dura
Se souber
pode dar voltas,
tantas voltas...
em tantas luas!"
Nem venho
do lado de trás
da Terra
Mas menina,
traz
aquele pin-céu
feito de aquarela
Somos filhos
do sol poente
Dum sol
que vive só
que teima em passear
dedilho-lhe em cores quentes
que é pre'ssa saudade
não esfriar...
Eu juro,
meu amor é seu...
É ceu
Cheio de nuvens
E querubins
Moça, te quero tanto
bem...
Não há pintanga,
donde vim!
Mas de longe,
vi teu encanto
me sorrindo há-sim
Por que não só-rir
de volta?
Era cor-dá
que não prende,
solta!
Então quase num salto,
fez-me um assalto
Roubou-me noites em claro
Dias no escuro
Ex-cura
era tua ida...
Enquanto na saudade
eu me perduro...
Volta, morena!
Solta!
Pequena...
Nesse jogo de Vermelho,
na hora da Janta,
tua pele não me engana!
Tu não é cigana...
Lá fora, há Luzes
da cidade
Mas, moça...
No meu peito
Só Luzes da Saudade
Então vem,
não se demora
Mas se der,
mora?
Então vem,
me guarda no teu peito
enquanto me guardo
no nosso leito
Esses teus braços...
castos
Teus cachos
desordenados
não seguem ordem,
cor de disforme
Mas vai, diz
a forma dessa nossa pressa
cheia de calma
que não condiz...
A forma
da nossa prece
A curva, que tanto
parece lua
no teu sorriso
que a-noite tece...
E tu me aperta,
e te abraço
Como pode,
algo tão pequeno
e leve
estar por todo o lado?
Ao mesmo tempo...
estando tanto aqui
Moça, esse teu encanto
tento traduzir em canto
mas teus passos
e possos
não tem medida...
cifro-lhe, então
em notas
sustenidas...
Te faço banjo
violino,
pandeiro...
No teu samba,
no teu riso (no qual me ex-banjo)
mal sei meu para-deiro!
Dedos tão finos...
mas que
ao dedilharem-me,
me afinam
em todos os tons...
Pitanga,
onde começa
tua pele?
Onde termina
o céu (seu)
e o chão?
Já não minto
para mim!
Não são coisas distintas
tudo é seu...
Tudo é céu...
quando teu sorriso
se diz tinta
e invade meu mundo:
tudo rabisca!
E nessa bagunça
que faz em mim
é onde mais me encontro...
Onde tu é peça
pe(r)dida
Recita
aquela receita
de moça-menina...
Vem,
não demora
mas vem no teu posso
A pressa perdemos
em outra estória,
no horizonte
que é teu só-rir
No teu distante
que diz tanto,
no aperto,
que te traz pra perto,
no "parto" que te re-
nasce aqui...
Sei que aos outros
não condiz
Mas vou dormir!
E minha confissão
faço
quando mordisco-lhe
o nariz
(Nhac)
Mas não desabe!
Ah... que seja
meus olhos estão a beira
dum "desague"
Pitanga
nasce
em todas
as estações
Eu bem sei!
E bem sinto
Mas em mim
nasce em todas as manhãs,
com todas as manhas
de domingo...
Me harmoniza,
me pinta,
rabisca
Pitanga é fruta
de pulso
Mas sabe também
como ser menina
Nas noites de outono,
garota
Nas noites de inverno,
me nina!
No verão, garoa...
Primavera,
verá...
Ela é toda
traduzida em sinas...
Moça, Pitanga, fruta
não sei bem
quando tu ama-dura....
Sinta bem, me perdoe
por me perdurar
Mas teu nariz,
feito lirios de giz
me fez cativo
Habitou-se
no hábito
de me cativar...
Toc toc
Tic Tac
Vão embora!
Onomatopeias!
É tarde!
Já não tenho ouvidos
para o que teus olhos dizem
Nem tato
para as mentiras
que desato
Tanto insistem!
Que faço?
Já não tenho cabides
para essas estórias
Não cabem
nem os guarda-chuvas,
mal me lembro
de perder as memórias
A vida é isso?
A vida é circo?
Se estratificar?
Que é aquilo?
Se ex-trata,
para ficar?
Ah, é tarde!
As respostas
estão dormindo...
Mas as perguntas, ah!
Estou ficando velho...
Onde foram parar?