sábado, 28 de dezembro de 2013

Notas de giz

Toda ela verde
Manhã minha
Passos largos, vem-me eles
Vento, ventania
Despertam-me os olhos
Recitam meu dia
Farfalhar do capim ao dançar a brisa
Ainda molhado, fora banhado
Madrugada o fez, chuva pequena, serena menina
Acima, entre galhos, ouço devaneios
Acordes voadores cochicham entre si
Notas que desconheço...
Ah, conheci!
Do lado direito riacho faz-me companhia
Até meu destino, segue comigo
Canta-me rimas!
Com altos e baixos, muda de tom
Doutro lado, lá está!
Já cedo, seu João...
Vê-me com os ouvidos
Desejo-lhe bom dia, sem palavras;
Um sorriso
Mais claro que areia do velho jovem senhor
De supetão, me encontrou!
Encaro-o de frente
Fora tão de repente
"Quando despertou?"
Resposta não-esperada
Caminhei
Sombra de acasos assim se fez...
Avisto-o
Longínquo
Pratos e copos, café requentado
Calmaria
Calma ria!
Vou-me indo, já pré-parado
Espero-os amanhã, novas sinas
Sorrio-lhes com olhares
Piscam de lado
Até outro dia!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Cor-rida

Grama sob pés descalços
Dedos entre-laçados
Sorrindo, lá se vão, cor-rendo entre o gado
O cenário procria-se a cada passo
Um sol vespertino acaricia-lhes a pele
Dela, olhares vívidos que cantam acaso
Dele, calma refugiada por onde esteve
Sobre suas cabeças, nuvens sorriam-lhes acenos de um teto azulado
A frente, o mistério, que com maestria tingem de afagos
Sem pressa, rodopiam
Seus olhos se fecham
Encontram o chão
Um contra o outro, seus lábios sorriem
Risos baixos, uma canção
Ela o sorri, o com-vida
Com dedos entre cachos, ele ria
"Que menina..."
A envolve de cores, espaço não sobra
Entre braços e sussurros
Ela cora...
Avistam folhas, fonte de ar
Erguem-se, correm
"Vamos lá..."
Num piscar de toques, cá estão
Grandes galhos, pastos por todos os lados
"Imensidão..."
Mãos voltam a se encontrar
Palavras são abortadas
Sol vai indo-se deixar
Por um instante, olhares se cruzam
Bocas se encontram
Pensamentos se vão
Respiram num só ritmo
Entre ser e estar...
Estão

Uma cor-rida
é sempre boa para
a-cor-dar