sábado, 30 de novembro de 2013

Velhinho do relógio

Discernir vozes
Sorrir por acordes
Quanto tempo demora?
Portas abertas, pessoas lá fora
Fecha-se para uns, esconde-se em outros
Chega sem pedir, corroendo-me esboços
Tudo sabe, tudo vê
Existira antes mesmo de nascer
Contemplando colisões invisíveis até mesmo a olhos vestidos
Viaja;
Num piscar de olhos, universos perdidos
Canta histórias, ouvidas por todos, assimiladas a dizeres
Sendo nada, sabedor de todos os seres
Divago olhando tua face
Subjetiva, de todos uma parte
Move-se quando lhe convêm
E nós? Perecemos à mercê de teu desdém
Caçoa-me idas e vindas
Amores vividos, tristezas escritas
Golpeia, insaciável, despido de cansaço
Ao adversário, falta seu próprio rival, agora escasso
Feliz aquele que diverte-se contigo
Imperceptível ao seu ver e mesmo não tendo pedido
Continue, fique, passe-se comigo
Passado, presente e futuro, muitos nomes tu tem
O que mais lhe convêm?
Aposto o oposto que não põe-se de lado
Quando não lhe vejo passar, por onde tem andado?
Sofre ou diverte-se? Como lida com ser nada?
Com ver tudo?
Receio que me derrube antes de ver-lhe rubro.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Em-tarde-ser

Lá fora, grilos urram de alegria
Ouço suas vozes, clamam sinestesia
Gramados cortejam-me os pés
Sobre terra, o céu, tinta pros meus papéis
Debato com a brisa
Ela cora, que menina!
Estimo estímulos dissimulados
E o que passou voando fora nossa fala, bem do meu lado
Luzes movem-se de lá para cá
Mas quero estrelas!
Pra-ser em conhece-las
Podem entrar!
Esqueci-me de algo lembrado
O canto dos grilos! É claro!
Estratifico-me entre a noite e o dia
As folhas protestam por coisas distintas
Exalando odores vespertinos
Com vivacidade, de novo, meus grilos
Riachos eloquentes, esperneiam ao silencio
Cortam-lhe a garganta, de todos, o pequeno
É chegada a hora
Deixo-os assim, insaciados
Desprovidos de satisfação
Mas a todos, de bom grado
Eu daria uma canção

terça-feira, 26 de novembro de 2013

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Poças de aquarela

Que digam as canções
Onde vamos parar?
Separar com-junções?
Que tal pintar o ser-estar?
Pensemos depois...
Afagos a dois
Mobile o agora
Histórias perdidas...
Vê todos esses rostos?
Seque essa melodia
Deixe-as espalhadas
Seu sorriso já chegou
Tire essas cenas molhadas
O vidro se embaraçou
Core, queira-me inteiro
Sem falas, perca o roteiro
O tempo gorjeia, não quer passar
Outra fase vir-há
Fique um pouco comigo
Não conjugue partir
É tarde, está frio
Olhar re-vê-la em si
Segure meu sorrir, voe comigo
Venha cantar esses pingos
Notas essas as-saltam-me a alma
Lírios parecem flor-e-ser pele a fora

sábado, 23 de novembro de 2013

Verão

Tua fala tem mais cores
Sorrindo-me odores
Ela vem vestindo alegoria
Vem perdendo sorrisos, perdendo por esquinas
Sussurra meus acordes, minhas linhas já não minhas
Cochilos entre sonhos
Dilúvios de sol
Nossos dias de chuva? São feitos em si bemol!
O mordiscar de lábios convida-me a dançar
Sendo o vento nossa música, quando vamos parar?
Suas covinhas lhe convinham
Suas meias-metades são inteiras
Vem de muitas luas... de tantas, é Cheia!
Se um dia se esvai
Esvaindo-se vem vindo
Que tal achar o que não foi perdido?
Esta é minha deixa
Esta é minha queixa
Engana-me com teus olhos
Olhos cor de ameixa...

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Cubros

Descobrindo
Descubro indo
Descobrir
Descubro rir
Descobriremos
Descobri remos
Descoberta
Ex-coberta
Des-cubro-te
Em cubos

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Aceno

Acena...
Ah, cena!
Acenando
Acenaria
A cena ando
A cena ria!
Acenarei
Acenou
Acenar... ei!
A cena ou...
Há cenas!
Há acenos...
Acenemos

domingo, 17 de novembro de 2013

Entre parêm-teses

Conhecera meus pré-textos
Sorria meus à-certos
Descabida, não cabia
Cândida, tudo escondia
Confundimos os "irmos"
Avistamos os "tamos"
Ou o contrário... Foram tantos
Semeamos sabores
Você sorriu valores
Regamos presente
Tornei-me ausente
Erros espumaram
Noites desvendaram
E as entrelinhas?
Palavras não ditas ficaram perdidas?
"Agora é passado, deixemos de lado"
Teria dito...
Num futuro passado qualquer, algo pode ter acontecido
Quem sabe um dia
Você tropece numa rima
Quem sabe um mês
Você me conte onde foi, o que fez...
Quem sabe um ano
Voltemos para o "tamos"
E só de ver a incerteza passar assim
Quero acolhe-la pra mim
Só de ver você dançar
Quero com-julgar o reamar
Des-peço-me ali
Porque tinta transborda por aqui...
Des-peço-ti acolá
Enquanto respirar

sábado, 16 de novembro de 2013

Vira o sol nascer
Noite feneceu
Entre nuvens, sorrindo, disse ele:
Ego-
Ego meu...
Existe alguém mais
-cêntrico que eu?


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Lá-sols

Lá vem ele, vem subindo
Monta-no que traz consigo
Lá vem ele, despertar
Os gorjeios vão cantar
Lá vem ele, acender
Cores vão estremecer
Lâ vem ele, vem sorrindo
O que mesmo traz consigo?
Lá vem ele... Aí está!
Só-risos vem pintar
Olhem ele, olhem lá!
Vem comigo, desvairar
Olhem ele, olhe ali!
Foi comigo, fora aqui
Cante a todos
A todos em encante
Teu brilho deixo na estante
Faça parte
Faça perto
Deixe o cantigo aberto
Faça poucos
Faça muitos
Barganha-me múrmurios
Cativa-me
Ativa-me
Ensine a cativar
Reamar, rema
Vamos pra qualquer lugar...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Quando o tempo fecha
A chuva abre
Quando o sol se deita
A noite cai
E nossa tarde de outono, pra onde vai?

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Só me pague uma bebida e diga ao taxista que me deixe na esquina...

Num passado presente agora

Me acolheu
Escolheu
Deu-me cômodos
Abaixo do pescoço
E borboletas no estômgo
Gracejos e afagos embalam nossa sina
Diga-me quando e eu direi quanto
Diga-me onde e eu direi instante
E por noites assim termina
Rascunha-me um sussuro
Canto-lhe o mundo
Mas não me faça passado
Não despeja-me em feridas
Em que esquina teu medo virou sina?
Sou presente, talvez futuro
Sou agora, talvez depois
Nessa mesa de medo tem lugar para dois?

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Saudade-e-meia: Toque de acolher

Lá fora a chuva pinga
Aqui dentro o som respinga
As estrofes tiraram um dia de folga
O sorriso fora cedo, hoje não sei se volta
Minhas rimas foram na esquina
Meus versos brincam de esconde-esconde
No sofá, na cama, geladeira, estante?
Os cantigos canto contigo
Nossa graça é feita de trigo
Se eu remexer a massa, jura que canta comigo?
As panelas foram dormir
Os pratos estão por aí
Os copos se demitiram
Tem mais alguém aqui?
Lembranças batem na porta
"Olhe a hora, vão embora!"
O controle remoto está perdido
Ou tinha ido sair... O que ele havia dito..?
Todos disseram para onde iam
Outros de onde vinham
Mas e você?
Por onde teus pés caminham?

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Meu criado-mudo fala

Pronde foi toda a mágica?
Donde alegoria se meteu?
A lembrança de um riso e mais nada?
Em que esquina nossa sina se perdeu?
"Moça de sorriso cândido, aquela"
Moçaquela, menina minha, feita d'aquarela
Vai, vai, tonta minha
Mas leva contigo parte de mim
Parte pequena, naquela caixinha
A tinta agora é mais molhada
E não me pergunte o porquê
A tinta agora é mais molhada
Leve-a com você
"A música ainda toca"
Como? Arrebentou-se... a corda
"O vento ainda escolta"
Como? Fechou-se... a porta
Nas nossas falas faltam tantas palavras
Da nossa falta sobra tanta presença
No nosso agora faltam tantas cenas
"O que aconteceu?"
E a resposta se perdeu
"Para onde vai?"
Vou na frente, vou atrás...
"O que fazer?"
Me diga você, me diga você...
Menina, nos dedos conta
Nosso faz-de-conta
Menina, por risos grita
Nossa sina
"Fechem as cortinas..."
Na gaveta do meio, naquela
Ali, deixei guardada
Meu criado-mudo fala...