Então vem,
me guarda no teu peito
enquanto me guardo
no nosso leito
Esses teus braços...
castos
Teus cachos
desordenados
não seguem ordem,
cor de disforme
Mas vai, diz
a forma dessa nossa pressa
cheia de calma
que não condiz...
A forma
da nossa prece
A curva, que tanto
parece lua
no teu sorriso
que a-noite tece...
E tu me aperta,
e te abraço
Como pode,
algo tão pequeno
e leve
estar por todo o lado?
Ao mesmo tempo...
estando tanto aqui
Moça, esse teu encanto
tento traduzir em canto
mas teus passos
e possos
não tem medida...
cifro-lhe, então
em notas
sustenidas...
Te faço banjo
violino,
pandeiro...
No teu samba,
no teu riso (no qual me ex-banjo)
mal sei meu para-deiro!
Dedos tão finos...
mas que
ao dedilharem-me,
me afinam
em todos os tons...
Pitanga,
onde começa
tua pele?
Onde termina
o céu (seu)
e o chão?
Já não minto
para mim!
Não são coisas distintas
tudo é seu...
Tudo é céu...
quando teu sorriso
se diz tinta
e invade meu mundo:
tudo rabisca!
E nessa bagunça
que faz em mim
é onde mais me encontro...
Onde tu é peça
pe(r)dida
Recita
aquela receita
de moça-menina...
Vem,
não demora
mas vem no teu posso
A pressa perdemos
em outra estória,
no horizonte
que é teu só-rir
No teu distante
que diz tanto,
no aperto,
que te traz pra perto,
no "parto" que te re-
nasce aqui...
Sei que aos outros
não condiz
Mas vou dormir!
E minha confissão
faço
quando mordisco-lhe
o nariz
(Nhac)
Mas não desabe!
Ah... que seja
meus olhos estão a beira
dum "desague"
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
domingo, 14 de dezembro de 2014
Pitanga
nasce
em todas
as estações
Eu bem sei!
E bem sinto
Mas em mim
nasce em todas as manhãs,
com todas as manhas
de domingo...
Me harmoniza,
me pinta,
rabisca
Pitanga é fruta
de pulso
Mas sabe também
como ser menina
Nas noites de outono,
garota
Nas noites de inverno,
me nina!
No verão, garoa...
Primavera,
verá...
Ela é toda
traduzida em sinas...
Moça, Pitanga, fruta
não sei bem
quando tu ama-dura....
Sinta bem, me perdoe
por me perdurar
Mas teu nariz,
feito lirios de giz
me fez cativo
Habitou-se
no hábito
de me cativar...
sábado, 13 de dezembro de 2014
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Toc toc
Tic Tac
Vão embora!
Onomatopeias!
É tarde!
Já não tenho ouvidos
para o que teus olhos dizem
Nem tato
para as mentiras
que desato
Tanto insistem!
Que faço?
Já não tenho cabides
para essas estórias
Não cabem
nem os guarda-chuvas,
mal me lembro
de perder as memórias
A vida é isso?
A vida é circo?
Se estratificar?
Que é aquilo?
Se ex-trata,
para ficar?
Ah, é tarde!
As respostas
estão dormindo...
Mas as perguntas, ah!
Estou ficando velho...
Onde foram parar?
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Vendia tudo, sempre
Vendia-se vendado
Vendia memórias,
aos bocados
Vendia o que não tinha,
o que não era
Vendia a escuridão,
vendia a vela
Estava cego,
sequer podia vê-la,
perdoa-la
Então notou...
que não restava
Doou, então,
o ato de vender
ao passado
Se rendeu ao presente!
agora ele pré-sente
Evita vendas,
se venda,
e corre por todos os lados
Há-perto
Aperta o aperto
enquanto chego
mais perto
e me aconchego
nesse teu dengo...
nessa manha
que de manhã,
me tira noção de ex-passo
e tempo...
domingo, 7 de dezembro de 2014
Teus braços, castos
Teus cachos, laços
que me fermatam...
E revivem
Re-vi, vem
Deixa eu fazer do teu riso,
meu abrigo
Mas não briga,
se eu quiser não-sair,
morar ali,
contigo
Contido,
escondido...
Deixa-me ser,
deixa-me estar...
Já é noite, bem sinto
mas eu sei
que, como em todo amanha-ser
de novo, eu vou me apaixonar...
sábado, 6 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
De lata em lata: Dilata
Já não sei das minhas cores,
dos meus amores
Já não sinto aquela'legria,
já não pinto alegorias
Mas o que sou,
se não tinta?
O que somos
se já não mais "fomos"?
Não ter sina
é minha sina?
Quero um pin-céu
que me rabisque de novo
Quero um Eu
que me transborde
que me transporte
que me retorne
a apenas um esboço...
Quero tanto querer!
Mas se já não quero mais,
da demanda, que "si"
se faz?
Já não sei!
Mas disto, sei não-saber
Pois vou vagar, devagar
Já é part-ida
a hora
de a-cor-dar...
Tragam-me meu traje.
Que faço aqui, inerte?
Que ultraje!
Que a fé ruja, sim, meu amigo
de cara pintada
Que minha'lma flutue, sim
meu sofástronave
de cenas borradas.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Desculpas no ex-passo
Sobre nós:
sei do ato
que não desato
Tantas palavras não-tidas
Tantas palavras não ditas
Tantas palavras sentidas...
Bem sinto,
está triste...
Servi como estopim!
Posso poder
fazer-te um convite?
Me pinto palhaço,
se preciso for
Pierrot
ou Arlequim?
Se preciso for
Deixa ele ir
Deixa eu ficar,
subir a bordo
Prometo que um sorriso
te bordo
Confesso
bordado não é minha praia
Mas teu riso...
sempre vem como mar
Como não amar?
Ele não tarda
Sou teu palhaço errante
Teu bobo da cor-te
Tu é lua minguante
Vamos pregar peças
nos erros que virão
Vamos ser as peças
das poças que rirão
E nos pintar de possos
nos que dias que não-são
Sei (Sinto) que desculpa
não basta
Mas sinto também
Que teu sorriso
não tarda
E sem cinto
me perco nas curvas
desse teu rio
Que flui
que me leva
(Fui!)
Que me faz leve
Se desculpas não bastam...
Releve...
Seremos astros
não-identificados
feitos de giz
Seremos dois
em um
Um só nariz
Morena
Encena!
Em cena
quero pintar
as tintas
doutras cores
Quero brincar de giz de cera
De Giz-será
e rabiscar os teus temores...
Quero um beijo seu
Um beijo, céu
da tua boca...
Pitanga, frutinha solta
Rouba
Até o giz branco
que é meu nariz
Não dou parte
do ocorrido
Pois sou parte,
faz-me cor,
riso
E somos nó(s)
que não prendem
Somos laços
que aprendem...
Quero mora-dia
no teu peito
E noite
no teu leito
E em nós
que não atam nem desatam
que o tempo se demore
Se der, more!
Nesse nosso coração
solar
Pra ti, meu Cor-ação
é só lar...
sábado, 29 de novembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Sobre Ácido carboxílico:
Poliamor verdadeiro e reciproco entre bebados e amantes do vento, que se inventam.
Oh, oh!
Carbono, se estratifica,
não vai, nem fica
Amava Carbolina
mas tambem Hidroxila
Carbono tinha culhão,
gostava de agitação
Tretavalente,
Tetravalente
Tenta, vai em frente.
Tenta, valente.
domingo, 23 de novembro de 2014
sábado, 22 de novembro de 2014
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
As vezes tudo passa,
as vezes passa
tão de pressa...
E essa pressa
que não cessa?
Essa calma
que não chega,
por que não se apressa?
Há pressa
Apressa
Expressa
Ex-pressa
E a calmaria
vinha
E a calma ria,
convinha!
E eu aqui,
parado
Vendo-os
passados
Passo a passo
Posso a posso
Me levem!
Quero acasos,
correria,
quero ser
um caleidoscópio
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Se apegar
ao ser
Se apagar
Se reescrever
Se refazer
Se contorna!
Se transborda
Se transforma...
Se disforme
Só não mude a essência
Alto lár!
Auto-crítica,
hoje em dia,
é proibida.
Anda em decadência.
Os atos gritam!
As palavras se aquietam
em meio ao atroz
Rogam por alimento
para essa carência
de um pouco mais de nós
terça-feira, 4 de novembro de 2014
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
domingo, 26 de outubro de 2014
sábado, 25 de outubro de 2014
No varal
Queria me estender
no varal
Me ver secar
enquanto desenho
seu mapa astral
com as gotas
que escorrem
das minhas roupas
Imundas
Com a lembrança
que percorre
Com a saudade
que me inunda
O dificil já passou...
Aqueles giros
na máquina de lavar...
Andava e andava,
passava e passava
sem sair do lugar!
Parecia nunca
não passar...
E ficar de molho?
Que desgosto!
Me misturaram
com as roupas claras
Borraram a lembrança
do teu rosto...
Agora o vento me balança,
confesso
que peço
que me leve
"Eu sou leve!"
Mas ele se nega
"Releve!"
mas não se entrega
Deve ser esse prega-
dor
De madeira
"Quando o sol me acanhar,
tu me deixa?"
Mas ele ri!
"Tu és livre, de si,
parta quando quiser
partir
Está aqui porque quer"
Então umas gotas
voltam a cair
Ainda não sequei?
Esqueci de usar
amaciante...
E se não conseguir mais
amar ciente?
Vento ventania
me leve pra longe!
Onde eu ache as perguntas
essas perguntas
tão insistentes...
Desculpe, Seu prega-dor
não queria lhe desfazer
mas Tiê me contou,
uma vez,
que adeus também foi feito
pra se dizer...
E não, não foi um prazer!
Adeus, adeus
Estou indo com o vento,
como uma peça
de roupa
E a ti, que me vê no alto,
te peço
Não me poupa!
Se me achar, caído por aí
Tu não tenhas medo...
tenta me vestir
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Alô, alô!
Alô, alô Terráquios
Aqui quem fala é do espaço!
Tenho um recado
sem destinatário
com o nome de vocês!
Seu Gerundino quem mandou
disse que chega
depois das seis...
Aqui tudo está borrado,
acasos por todo lado
E é o que desejo pra vocês!
Estejam pré-
-parados
E se preparando!
Afinal, é o que somos...
esse eterno estar,
esse "estando",
fugindo desse atroz
Sempre nos tornando
um pouco mais de nós...
Alô, alô, Terráquios!
Tirem os pés do chão,
venham para o espaço!
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
domingo, 19 de outubro de 2014
sábado, 18 de outubro de 2014
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
domingo, 21 de setembro de 2014
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Gerúndio
Deixou-se pintar pela rotina
Havia um gosto estranho na boca...
Lambendo os lábios, notara,
"Monotonia",
resmungou
"Possos" curtos,
passos longos
Se apressou
caminhando pelas ruas
Quase tocava o silêncio
As árvores, nuas
sentiam o desalento
O cheiro fétido que exalava
tinha cor de escassez
Mas de que?
De si, de tinta,
do bem-querer
que se desfez?
O rosto
sequer chegava
a um esboço
do que um dia foi
Os olhos, vergonhos
de estarem presentes
Olhavam e nada viam
Ausentes
A boca
traduzia-se agora
em finas linhas secas
dormindo, dizia-se,
esperavam as estrelas
Avistou, ao longe,
seu velho sofá carmesim
Recostado numa lixeira,
olhando-o com desdém
"Marvin..."
Balbuciando, arrastou-se
até si
"Nada mudou..."
Sussurrou o grilo
que estava ali
Sem forças para assustar-se
apenas o encarou
"Não há mais tinta"
confessou,
quase inaudivel
"Nada mudou", insistiu o grilo
"Ainda é visivel"
Riscou céu,
num esforçado olhar
este fez-se espelho
Achou-se, acima, no centro
Então viu-se
Magro, cansado
com trapos do tempo
"Por que essas roupas?",
indagou ao inseto
"A rotina vestiu-o
com passado,
tu sequer fez protesto..."
De joelhos, caiu, esgotado
Fechando os olhos, cansados
"O que fazer?",
sussurrou
O inseto subiu-lhe a face,
sentindo os secos labios, a pele aspera...
Parou
"Basta ser"
Contou,
tocando o torto nariz
O chão tornou-se água,
"Um lago", notara
abrindo olhos
Afundando-se abordo
"Sobre mim...", começou,
com calma
"Como tem tanto
a dizer?"
O inseto sorria, simplório
"Lavemos essa'lma
Sou apenas você"
Meu criado-mudo fala,
o sofá, nossa!
que esbone
Se recusa a ficar na sala
Diz que mora em si,
que não há casa mais nobre
O Criado fala,
diz não ser mudo
Foi criado, conta,
num tumulto
de gestos
E protesta,
meu protesto!
Ah, e o teto!
Sonha em ser céu
Pede por tinta
"Risque-me umas estrelas,
um fim de tarde
da cor de mel"
Minhas janelas, quasares!
Mas eu que o digo
Elas, são todas pesares
remoem passados
achados perdidos
As cortinas
cortiças!
Dançam ao vento
Afasta, contam,
o desalento
As paredes...
Nem me deixem começar!
Não ficam paradas,
danadas
Basta a brisa passar
que se deixam levar...
E eu!
Oras...
Sou menos que um quarto
do meu quarto
Dormindo num sofá,
que se faz nave
Marvin,
meu sofástronave!
E grande amigo
nas desventuras do acaso
salva-me do convívio
Tinha uns rabiscos
que trouxe de Saturno,
ali, na gaveta do meio
Mas minhas gavetas vem e vão
As vezes mal as reconheço
São mundos a descobrir,
a re-cor-dar
Mas no meu quarto
chove vez ou outra,
tive medo de borrar
Hoje há muita poeira,
pelos cantos
Meias perdidas
nas gavetas
Meias metades...
Metades inteiras!
Marvin, amigo
Empresta-me aquele pincel,
feito de fios de incertezas?
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Estância
Decassílabos, métricas...
Todas afugentadas
Meu bule de café,
esvaziou-se
Foi-se
Dançar ballet...
Gavetas voltaram
a ter fundo
Meias,
não mais inteiras,
voltaram pros seus mundos
Meu sofá emudeceu
numa nota que fermata
Num silêncio que a fé mata
Teto, tornou-se chão
As paredes não mais vem,
só se vão
Minhas roupas
vestiram minha ausência
Iriam, disseram,
para Provença
E já é cedo demais,
para ser tarde...
Pergunto-me então,
para um eu
que sequer se encontra aqui
Palavras podem
se demitir?
Pessoas presentes,
na ausência de si?
E o que sobra,
quando o resto se esvai...
Se o ser já não há,
há, então, o ser não-ser?
Mas vejo, ao olhar atrás
No vazio que agora sou,
me transbordo de não-ser
o que já fui
De não-ser
o que ser-ei
E por esse ser, solúvel,
Apenas sou...
Num barco,
da cor do não-saber,
vago,
com incertezas ao lado
Somos feitos
de recomeços
que não findam?
Tentando ser
um pouco mais de nós?
As manhãs nunca terminam,
só se escondem
de todo esse atroz?
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Barcos de papel
Pudera eu!
Fazer das cartas tuas
barquinhos de papel
Vamos navegar...
por esse imenso céu!
azul
Como folhas de Maio
em busca dum vestígio
dos sorrisos teus...
Balaio
lacaio!
Faz-se abraço seu
Tão frio,
aqui,
nas águas do vento
Capitão!
imploro frêmito...
Então vem-nos eles
Cobrindo o azul com o negro
costumeiro
Cabelos feito manto,
tu cobres, com eles
o mundo inteiro?
Pinta-me, assim, a noite
Derradeira confissão
Seria este
um convite
quisto
de antemão?
Icem as velas!
Vamos vê-la!
E fazemos piruetas
pela velha ruazinha
Se bem me lembro
sempre esqueço
daquela esquina...
Sim!
Onde esbarrei-lhe o ombro
E que tombo!
"Como era ela?"
Curioso, indaga-me o vento
"És-me passageiro,
então conte, assim, de passagem
por um momento..."
Mas ela
não era!
Ainda é
e há de ser
Aquele narizinho...
Ah, Anel de Saturno...
Nenhum sorriso ousa se esconder
ao ver!
O lábio inferior
travesso,
me borra de desejos,
a faz cigana!
com sua leve curvatura
para baixo
desperta-me os lados
mais sacanas...
Os olhos!
espelhos
voltados para dentro
o universo feneceu...
Mas oras, vento!
Tu adormeceu...
E ainda estamos
na mesma ruazinha
no mesmo barquinho
feito de papel
As cartas tuas
tão minhas
Navegando pela céu...
Quem diria!
E quem dirá...
Que o amor nos
conheceu
Baixem as velas!
Desmontem o barquinho
Quero descer,
ler tudo de novo
talvez achar o caminho...
"Mas senhor, e o vento?"
Oras! Nos trouxe ate aqui
deixem-no descansar
por um momento
Aquietou-se tudo
na nossa ruazinha
onde me perduro...
e lembra,
daquela esquina?
Tu foi menina
Menino, eu
Hoje, que somos?
Crianças...
que o tempo esqueceu?
sábado, 26 de julho de 2014
- Não existo,
insisto!
- Como não, se está aqui?
- Este lugar é quisto.
- Então reside no existir.
- Não sou, em mim não há o ser!
- Então como ouço o que está a dizer?
- Não existo,
menino!
- Mas escuto-lhe,
não faz sentido!
- Exato! Por isto.
- Digo que existe,
diz-me que não.
Não faz sentido!
- Por isto,
oras!
Sou a razão.
sexta-feira, 25 de julho de 2014
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Pintar galáxias
Haja tinta!
E haverá!
A verá,
vamos sê-la
E haja cela
pra nos prender
Vamos aprender
a transbordar
Acordar
acordando
o mundo inteiro!
A cor dando
ao todo
dum jeito
em que gesto,
seja céu
Meu sorriso,
seja teu
Ah, essa loucura
pintada aquarela
Quero ver a moça,
e hei de vê-la,
é ela!
terça-feira, 22 de julho de 2014
Chagas
Caipora já vem indo
Dispersos, os não bem-
vindos
Caça-dores
Homens da caça,
sem mensurar o ato
Adentraram no mistério:
A mata
Vez que, vestidos de morte,
será seu cemitério
Descompromissados
com a vida alheia
Logo há de colher
aquilo que semeia
Caipora está por bem perto
Dos homens, os olhos quase saltam;
A viram, de certo
Escondida em odores vespertinos
Camuflada no canto
dos grilos
Toda a mata se agita,
pesados olhares sobre eles
O vento assovia
Intimando que a terra deixem
Folhas e galhos arranham-lhes a pele
Com arrepios articulados,
o medo lhes despe
E Caipora logo afora,
ouve-se o som de seus passos
anunciados pelas folhas do chão
É noite, porém
Escuro por todo o lado
Erguem suas armas
como se pudessem se salvar
As mãos? Trêmulas
Mal conseguem segurar
Então rufam os tambores
Lá, ali, cá
Batidas ritmadas,
acolá
Correm os caçadores
Por suas vidas
Por sua vinda,
Por sua ida
Caipora gargalha, deixando-os ir
Uma vez fora, todos eles
As arvores reverberam
"Mal-vindos são aqui"
domingo, 20 de julho de 2014
July é tão timida!
pequena menina,
tanto é
que tem vergonha
de mostrar
a timidez
Mal sabem
como é risonha!
Um beijo
na bochecha
e sorriso assim se fez
Sem saber
encanta o mundo
Sem correr
per-
-corre tudo!
E numa fala
ela embala
tudo em sua voz
Vai-se tudo,
que mal nos quer
Vai-se o atroz!
Quando abraça,
porém,
é despida de vergonha
July aperta!
E nos faz fronha,
pena,
travesseiro!
Leves, por inteiro.
(July,
não fique brava
comigo.
Irmã,
te amo!
E lhe digo:
Feliz dia do amigo!)
sábado, 19 de julho de 2014
sexta-feira, 18 de julho de 2014
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Cenas
Os dedilhados
são caricias
naquele velho banjo
de corda solta
Com riso frouxo,
ela dança
o frio, quisto,
lhe poupa
De canto largado,
despreocupado,
para si,
perdida, se acha
em seu mundo
"Aqui!"
Toda sorrir,
fazendo curvas
para não se conter
Dos olhos castanhos
aos cabelos prantos,
fazendo-se tecer
Em teu ser
habita
Tendo o hábito
de assoviar
enquanto caminha
tranquila
nesse bordar
Finos dedos
afinam
o toque
Ela ri, esnobe
Os leves acordes
despertam
a calma
E na fala mansa
há calma
Ah, ela...
traz chuva, enxuga
a alma
Mulher, com alma de menina
quando convém
Mas nem liga,
para esses versos
Sequer escuta,
encontra-se perdida,
pedida,
nas próprias curvas
de sorrisos
Banha-se em rios
rasos,
Águas do acaso
Lá está,
vestida do sol
Assoviando,
vai-se indo
Chinelos,
camisa comprida,
cor de rouxinol
sábado, 12 de julho de 2014
Ana das folhas
Ana corria
e cor-ria,
pelas curvas
da esquina,
curvando os lábios,
num sorriso,
num só riso
Com Lila,
sua folha
Ana, pequena moça
sempre contagia
não há escolha!
A cada escorregão
um sorriso se pinta
voando, com os pés no chão
Lá vai Ana
Vai, menina!
Des-conto
Descontar
não é não contar
e se conto
um tanto,
tanto conto
que desconto
Ah, esse desencanto...
que também não é
não encantar
Mas se canta
tantos contos
tem a cor,
de côr,
o gorjear?
Devolvo, assim, a palavra "Descontar" que Ana das folhas me emprestou.
Brigadu, Ana!
terça-feira, 8 de julho de 2014
Bem-querer
Os dedos estavam gelados, o frio os queimava, como se, de alguma forma, pudessem servir de lenha para aquecer as mãos. As esfregou, e então o roçar das palmas eram como labaredas, pequenas mas suficientes para aquecer. Sentado ali, na janela do segundo andar, via distante a manhã chegando. O velho galo da casa vizinha cantou, um canto rouco e alto, como de quem também acaba de acordar. Uma luz se acendeu numa casa furta-cor que ficava na rua ao lado, mas ele olhava apenas para o céu, esperando vê-la. Alguns astros piscavam num cintilar errante, "asteroides" pensou. Algumas nuvens tomavam seu café-da-manhã por ali, brancas, enquanto caminhavam. Sentiram estarem sendo vistas, ficaram alaranjadas e se apressaram, pegando carona no vento.
Ele piscou, olhou para dentro e lá estava, tão distante com seus anéis, suas tantas luas, com sua Daphine. Ela caminhava pela cozinha, com seu vestido branco, descalça. Caminhava como numa dança, seus olhos negros como um céu sem estrelas pareciam sorrir, mergulhando em tudo e em si. A leve curva para baixo no lábio inferior ainda era a mesma, assim como as dos cantos da boca. Mas os cabelos haviam crescido, os que antes chegavam nos ombros agora faziam cócegas no meio de suas costas e pela frente tingiam a testa com frestas escuras ao vento.
Estava distante, num outro planeta e não o via mas ela dizia algo, com todos os gestos, toda a dança serena e ao mesmo tempo aquele jeito de menina largada, de riso frouxo e pulso firme. Os dedos passeavam pelos móveis, imóveis. Então ela sorriu, como antes. Como sorria quando sua irmã Ana lhe afagava o topo da cabeça. Ela caminhou, ainda com os dentes despidos dos lábios em direção a janela e debruçou-se, riscando o céu com um olhar. Sem muito esforço, subiu, pisando no velho sofá vermelho e empoeirado. Olhou para as mãos dele, escorregando a sua pela cortina cor de mel rasgada nas pontas e fechou os olhos. Ele segurou a cortina, como se de alguma forma pudesse torná-la Tévere, e levá-lo até aquele planeta qualquer, fechando os olhos depois.
Sentiu a cortina roçando-lhe o nariz, fazendo cócegas e pintando nele um leve sorriso, não de tristeza, não de felicidade. Não precisava abrir os olhos, sabia que ela tinha ido.
Lórien
Seus pequenos pés
cortejavam a terra
Esta, molhada pelo orvalho,
sorria, serena
Vestia um vestido de neblina matutina
Caminhava quase numa dança,
colina acima
O olhar vagava ao redor,
sem destino,
a cor?
claro tom de desatino
O sorriso era o próprio vento,
estendia-se aqui,
acolá,
para não ter que se conter
permitiu-se ser,
fazendo curvas sem parar
Os dedos afagavam as folhas,
não tinham escolhas
e ela era todo riso
sentia cócegas,
sua voz tinha cor de rio
Galhos roçavam-lhe a pele
O que sentia?
Que o fechar de olhos revele
Suas próprias pegadas a seguiam
E se guiam,
como se perder?
Sereníssima,
a chuva a chama
sem precisar dizer porquê
E assim é vista
ou sentida,
como diria a menina,
todas as manhãs
É possível vê-la
e sem vela
Em sua eterna busca
Seu eterno achado
"Ei, moça serena
Deixe-me sentir
esse teu beijo de orvalho..."
sábado, 5 de julho de 2014
Arte de Janesca Pereira, com um escrito meu.
Volto a agradecê-la, ficou incrível, Nesca! Muito obrigado, adorei o tom envolta das letras que, não propositalmente (como você mesma disse) deram a ideia de fumaça, neblina ou luz, brilho.
O jeito como as palavras parecem escorrer, como se orvalho as tivesse dado um banho. E aquela linha curva no canto inferior direito, ah, ela! Me parece tanto. Parte de uma chama, fumaça.
Mas gosto de pensar que é um sorriso que não coube em si e teve que dar curvas para não ter que se conter.
Obrigado, Janesca.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
sábado, 21 de junho de 2014
Garota cor-de-jazz
Pelas ruas de Las Vegas
Correndo, se esvai
Em cada curva, cada esquina;
Rotas já não mais
Segura-me pela mão
Diz ser minha
Que a tenho pelo coração
Seguimos, sem direção
Minha Scarlet, de sorriso obsceno
Tão irreal, com seu vestido vermelho,
teus cachos ao vento...
A corrida não termina
Estamos numa nebulosa pedida...
Que seja, não queremos parar!
Garota cor-de-jazz,
leve-me ao seu mundo
Mostre-me as luas que há por lá
Sorri-me, ofegante
Lábios grossos
"Mais adiante"
ela sussurra
Insana, alma vestida de acaso
Placas, mapas...
Nada importa, vamos para qualquer lado!
A corrida não tem fim
Seguro-a firme
A desejo, toda para mim
Seus quadris enlouquecem-me
A quero, é meu verão; aqueça-me!
Um olhar sobre o ombro
Ela sente,
entre ser e estar...
estamos
Cativa-me a cada passo
A cada cena criada
Sem cogitar o estrago
Entramos em nossa cilada...
E a corrida continua
Quando canta-me jazz anos 30
Palavras me são nuas...
Abortemos as sinas!
Ela é verão,
veste outono
Tem em si alma de lua
Afagos são nossa canção
E corrida continua...
Mas tudo muda!
O chão balança,
estremece,
ela avança,
sorrindo
"Garota louca"
penso comigo
"Por onde esteve?"
Sinto o suor em seus dedos,
teu sorriso travesso
Me espiando pelo ombro,
seus olhos me encontram,
têm cor de desejo...
Como não amá-la?
Por resposta, anseio
Os tambores rufam!
enquanto a corrida continua
Seria meu coração,
gritando por uma Scarlet nua?
Viramos num beco,
depois subimos,
descemos,
"Assim me perco!"
lhe digo
"Em mim,
querido"
E tudo que posso fazer é sorrir...
Uma mulher,
quatro estações,
Tambores,
tremores,
dois corações
E não se cansa!
Ela aperta o passo,
Me agarro ao "posso",
Então, alcança
Topo duma colina,
cessam os tambores,
a noite se faz cortina
Ela se vira,
Meu sorriso se pinta
Respiramos, ofegantes
"Tudo está distante"
ela conta,
e a puxo, num instante
"Meu corpo te chama"
Nos encaramos,
minhas mãos laçam tua cintura
Mordisca-me o queixo,
sinto tua quentura,
peito contra peito
"Você é louca", revelo,
meu nariz passeia por seu pescoço
Sinto-a sorrir,
"Sou apenas um esboço"
Morde-me a jugular,
"Onde vamos parar?"
Nossos olhos se encontram,
sorrindo
Nossos lábios se arranham,
pedindo;
Concedemos
Abrimos um contato
Nos perdemos,
mãos, afagos,
por todos os lados
Nossas bocas dançam,
numa canção chamada desejo,
nossas linguas,
lentamente festejam...
Sinto seu calor,
seu ardor,
seu cheiro quente
Aos poucos, pendemos,
eloquentes...
A grama macia nos acolhe,
com o frio, suas costas arquejam;
se encolhe,
se arrepia,
O céu, também nú,
nos espia
O vento levou-nos a roupa,
A beijo entre os seios,
sinto o gosto salgado
do suor em minha boca
Arranho-lhe pele acima,
com a barba do queixo,
dando-lhe leves beijos
até reencontrar seus lábios
Ferramentas de acasos...
Suas mãos estão em minhas costas,
seu sorriso também se despiu,
sem vergonha,
se mostra
Cravou-me as unhas,
o mais fundo que conseguiu...
Bocas voltam a dançar,
linguas, a festejar,
A corrida continua,
apenas mudou-se,
É contra a Lua...
"Eu..."
Confesso, antes de tê-la,
Ela arfa, rouca,
Tão quente...
como nunca esteve
Beija-me, sorrindo de lado
"Espero que a manhã jamais chegue"
quarta-feira, 11 de junho de 2014
Pra-ser, você
Vestindo-se,
o espetáculo aguarda,
Despindo-se
de si,
espetáculo não a guarda
Tanto faz, pouco resta
do ser
Na fresta dum espelho,
busca
"Pra-ser, você"
Já não se reconhece
Maquia-se de sorriso,
falso quermesse:
acolhe o ritmo,
Tanto fez,
tanto faz
que agora
essência já não mais
Então, crê
Procria-se
e não mais vê
Plateia chama
abordam também
os mesmos atos
Com gosto, se engana
Parte, içam as cortinas
Chagas, vítimas do mesmo caso
por todo o lado
Então tudo começa
Ela apresenta
seus falsos risos
Julgam, jogam-lhe as moedas
A sede cresce
Tinta mal respinga
ainda fixada,
esconde aquele rosto de menina
Logo,
todos, cada um
sobem ao palco
Partilhando moedas,
os sorrisos?
Escravos!
Sem trégua
Mas é tão normal,
"falso", julgam
aquele que acha banal
Festejam, gritam, dançam
Sendo o menor de si,
com pouco se encantam
O elenco, embriagado
de não-ser
Conformado,
continua,
o espetáculo perdura
Até que a noite chegue,
pois com ela tudo finda
Traz consigo, chuva
serena, fina
Todos dormem
caídos ao chão
seus risos, forçados,
maquiados,
com a chuva, se vão
Ali, no canto
em meio ao borrão,
nossa menina:
entoando uma voz trêmula,
se arrasta
pintada de escassez
Os sorrisos, borrados
Escravizados;
Que mal lhes fez?
Alcança uma poça,
tintas sem cor
olha-se,
e o que reflete?
Desamor,
vazio
O mundo, agora?
Quisto
O rosto que vê
faz-se incapaz de reconhecer
E ela ousa, pergunta
"Quem és?"
Com sorriso, reflexo responde
em mal-dizer
"Não vê?
Pra-ser, você"
sábado, 7 de junho de 2014
Chuvas de Janeiro
O céu, azul-marinho
Estrelas desenhadas com giz
Cenário que pincelamos,
contornados com toques de nariz
Borrado de sorrisos,
transbordo,
sou rios!
E tu, pula, abordo
com risos
Mergulha em mim,
sinta, há tanto de ti,
aqui,
como ficou assim?
Cócegas, os lábios anseiam
Deslizes, a pele deseja
Trêmulos, os olhos ceiam
os teus
e o sorriso festeja
Talvez esteja
conhecendo tuas cores,
e perde-se em si,
em ti
Só pra poder entender...
rufam-me os tambores!
Até onde o real
faz parte de você?
Uma aquarela no peito se agita,
sou todo tinta,
ela dança,
canta,
respinga!
E me pingo em ti,
até suceder
Devagar, há de render
abraços por aí...
Duas estações...
Talvez uma nova
Renova!
Sereníssima, tua'lma me grita,
me chama, convida
"Me explora!"
Então mergulhe
nos desatinos do meu peito
Enquanto eu, com os lábios,
tracejo-lhe
sorrisos sem jeito...
Há tanto a dizer,
a fazer
Mas vamos sentir!
Tinta há de durar
O vento irá barganha-la
se pensar em acabar
E vamos pincelar
Nosso acaso com sinas!
Revela, céu
Reflete também
Sou todo teu,
aqui, no sentir
E além...
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Bem-te-vim
Ser-me, ar
Semear!
o desatino
Se me ar,
te planto
em mim,
e inspiro
(-ti!)
Bem-te-vi!
Bem-te-vi!
Em mim,
bem, te vi!
Ali, assim,
bem-te-vim...
domingo, 25 de maio de 2014
Desatinos
As cores, em ti,
são ciganas
Ora frias, ora quentes
tingindo teu sorriso,
tua aquarela engana
E me perco
nessa tua melhor curva!
Me ato, no ato
de sentir-te,
menina serena!
Menina da chuva
de olhar cândido
Teu riso, cântico
e contigo
me levo para todos os cantos!
Assinamos contatos
Contatamos as sinas
No labirinto
dos teus braços,
vamos tomar um pingado
ali! naquela esquina
Os cachos teus
já não seus
Em meus dedos,
são cachoeira
Em meus medos,
são a leveza
que o vento traz...
E nossos lábios clamam!
o que nos detinha, já não mais
Em tua boca, minha'lma se desfaz
Tu, menina
tens beijo do orvalho
seria esse, o meu pingado?
Quando estou contigo,
tenho cor de riso
Quando está comigo
tem o riso
tantas cores...
e dentre todos
os meus amores
tu, Sereníssima
é o mais leve,
pequenina,
duma'lma grande
que o vento nos revele
pois já não sei o que dizer
Sinto tanto,
tanto sinto,
Que já não mais
sei descrever
Mulher,
também menina
Sol,
também chuva!
teu sorriso que não finda
quando me chove
teus cachos,
eu me encaixo
e nosso ato perpetua
Tu és tanto
Tanto sinto
Menina,
o que mais é?
É tanto!
É desatino!
Desatina, deságua
Me afaga
Me encharca
com teu beijo de orvalho
Corro, caio
Perco-me
Me acho
em ti!
Que fez comigo?
Sinto-te, em cada pingo
Em cada nuvem
que o vento pintou, por aí
E não temos pressa,
é sabido
Nossa aquarela ex-pressa
o que sentimos
E por isso
não apertamos o passo,
apertamos o posso!
E o mundo
é todo nosso!
Com sua cor
de não-saber
Ah, Sereníssima
Venha cá,
doce menina
Três palavras quero lhe dizer...
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Demasiado outono
Quem vem lá?
Lá vem ela
Uma aquarela
traduzida em cachos
A primavera
sorrindo-me afagos
Pudera eu!
Me afogar
em teus braços
Tuas pegadas na areia
são os labirintos
que sigo,
que minha'lma anseia
Sigo-os,
para me perder,
me achando, no não-saber,
em você
Faço-me mar, travesso
Atravesso a costa
para molhar-te o pé
inteiro
e na metade
dum piscar
deixo de ser mar
Tornei-me o vento
para te abraçar...
Parece me sentir,
pois abre os braços
e forte
quase me faço
para levar-te dali
Não faço esforço,
tens riso fácil
Consigo, com pouco
rabiscar-te o esboço
dum sorriso ágil
E ao ver-te assim,
sorrindo para mim,
vento já não mais,
o que sou, enfim?
Talvez o vento, já-não-eu,
traga resposta
Re-pinte o que aconteceu...
Mas tu, o que é?
Duas estações,
menina das canções?
Aquarela,
primavera,
vestida de outono,
vez, tida por outono?
És o que o vento traz,
o que ele leva
e re-leva
O horizonte me revela
Demasiado cedo,
irei revê-la
No mesmo chão,
não...
mas sob mesmas estrelas
Toda tarde,
ela chega
todo cedo,
ela vai
Cedo ou tarde
tua vinda
é sempre mais
E nada finda,
nem os sorrisos
deixados para trás
Sereníssima,
eu a chamo,
nome, desconheço
Em seu âmago
tem cor de recomeço...
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Sereníssima
Serena, menina de tinta
feita de chuva
Teu riso
eu mim respinga!
Tua boca me enxuga...
Mas feita de orvalho,
falha,
e como folha
Encontro-me pintado!
Da cor do acaso
Que, nesse caso
és nossa casa
Então, procuro-te os braços
Me perco, me acho
Me embaralho!
nos teus cachos...
Nos teus olhos
eu mergulho
No teu sorriso
eu perduro
E barganhando por afagos
assinamos um contato
Com tanto tato
Que não finda!
Musa da minha sina
Onde teu abraço termina?
Acolho-te enquanto me acolhe,
e colhemos a chuva:
que nos molhe!
Pintados de nuvens,
que caem em pingos
Dançamos, atados
Ao som dos grilos!
Laça-me o pescoço,
rabisco-lhe um esboço
dum sorriso
E tu contorna!
libertando o beijo contido
E tido
por pensamentos
Dura um bom bocado:
de momentos
A chuva nos dança,
nos pinta
Dançamos a chuva,
a tinta não finda
Assinando o contato
Os lábios dançam
os gestos do tato,
gesticulados,
encantam...
E não existe mais nada
Adeus correria!
Ela
só cor,
e ria!
Vamos, o vento nos chama
Nos inventa
Me pinte, menina de chuva
Menina Serena.
terça-feira, 13 de maio de 2014
sábado, 3 de maio de 2014
Folia
Teu sorriso me toma,
traz o meu a tona,
por completo
E repleto
de afagos
faço-me teu caís
Ouvir tua voz faz meu dia ganho,
e barganho,
sempre por um pouco mais
Requento nossas falas
jogo-as ao ar,
ficam espalhadas
Livres a voar
Os braços se abrem,
Os lábios contraem
E o sorriso não finda,
Ah, doce menina
Rabisque comigo!
Façamos da saudade nossa tinta
Anã Branca
Entre toda a bagunça,
vestigios de ti;
Afagos, ternura
Riscados no ar,
espalhados por aí
Teu riso cândido
desperta o escondido
Desperta-me sorrisos,
como numa alegoria;
e tenho o dito!
O meu frio, tua voz aquece
em banho maria
Se não em teus braços,
onde estaria minha moradia?
Afronta,
apronta
Enraivece
Mas és minha tonta,
serena,
em nosso próprio quermesse
Entre embates
e debates,
Batamos as palmas;
o amor declara empate
E nos condena,
nos condensa
Joga baixo,
trapaceia!
A bagunça que me causa,
minha'lma sempre anseia
Vive a discordar
E se diz-cor-dar,
como não receber?
Deixo-me pintar
Até quando suceder...
E nunca piscar de risos,
a distância é do tamanho dum grão
Espere-me, querida
quer-ida, não!
Teu brilho vejo até de olhos fechados,
se sorriso nos liga,
estamos atados...
por uma corda, sim!
E quem dirá o contrário?
Confesso, cativa-me a cada dia
Seguindo tua luz branca,
tinjo tudo com nossa sina...
quinta-feira, 17 de abril de 2014
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Aquarela de saudades
A saudade é uma cor,
com a qual me pinta,
mas é tanta tinta!
Que respinga...
em sorriso.
Borrando vento!
Levando nosso
desalento!
A tenho
Em meus braços,
estamos cheios de tinta,
somos potes de acasos!
Nos atamos,
giramos
E as cores voam aos lados
Juntos, numa corrida
Juntos, somos uma cor-rida!
Que tudo pinta...
O vento nos espalha
Nos espélha...
Refletimos nossa essência
Desvendamos;
Nos conhecemos em rimas velhas!
Passadas,
que se fazem presente
E não irás!
Me deve um contato,
pendente
Uma dança de lábios sorridentes!
Teremos como palco,
um abraço que não finda!
E lhe digo, lá no alto,
saberei onde começa teu sorriso,
mas não onde termina!
Ah, pequena menina!
As palavras me são tantas,
mas poucas são as minhas...
Deixarei, então, o sentir dizer
Nossa sina deixo ao vento:
A invente!
Nosso riso deixo a chuva:
Eloquente!
E em chuviscos ventosos,
nossa sina tem cor de risos...
Ah, doce menina!
Em ti, encontro-me
pedido...
sábado, 29 de março de 2014
terça-feira, 25 de março de 2014
domingo, 9 de março de 2014
Cores matutinas
Os pássaros gorjeiam
Céu azul se espreguiça,
abraçando a todos
seu "há-braços" estica
As nuvens ainda não vieram,
dormiriam até tarde,
disseram
Mas o vento já dança,
corre descalço
Entra-me pela janela;
Um passo em falso,
Em prantos,
cai, então, aos frios
Esbarra-me na pele
chamando seus amigos;
calafrios
Sempre os achei divertidos
Pois não os calam, estes meninos
Por que, então, chamam-se cala-frios?
Eles perdem-se em risos
"Não impedimos o frio de falar",
dizem, escondidos
"Há-penas, oras, deixamos ao ar"
Dou-me por vencido
Mas não de velhice,
lhes digo
"não passei da validade!"
Seria, este, um grito da vaidade?
Para onde há de ir?
"Não vá, idade!"
Muitos gritam por aí
Ora, mas que coisa
És livre!
Deixem a moça
Deviam aproveitar, portanto
o tempo
Que, por tanto
se deixar passar, pegou gripe
ao vento
Vive atordoado
A quem pertencia?
Quando dizem "Estou sem tempo!",
és um ator-doado?
Acolhido pelo sentimento?
Mas, o que é acolher?
A cor ler?
A cor lê?
Quando perguntas me acolhem,
fico, então, a sua mercê?
Minhas manhãs são assim,
danço, seja qual for o ritmo,
nas margens de mim
Queria ser uma eterna criança!
Cheio de curiosidade,
pois estas são fascinantes!
Curiosa idade!
Tão pequenos,
não são?
Com sorrisos imensos!
Não importa onde vão
Apreciam, a tudo!
"Ah, que amanhecer"
Gritariam, rabiscando novos mundos
A-manhã-ser
é o ato
de ser profundo
E o sol já se põe a subir
Chamo-o Seu João
Vem sempre a sorrir,
vestindo seu gibão
Vez, tido por leão,
apenas aos que se deixam ver
Mas nossa,
olhem a hora!
A noite foi-se embora,
passei-a em claro,
em bora
fora por acaso
E que seja!
O dia já festeja,
todos a despertar
Vou-me indo
Vou-me rindo!
Hora de a-cor-dar
Pincéis de orvalho
Uma cigarra me acompanha desde que a-cor-dei...
Com seu canto distante,
és distinta,
mesmo ao longe
ela se diz tinta
e sorrisos
em meu rosto pinta
sábado, 8 de março de 2014
Dos nomes que não dei: palavras para re-cor-dar
Feche os olhos
Segure-se em meu sentir
Venha, despeja-se em mim;
Vamos voar por aí
Nos pintamos de incerteza
Teu sorriso, diz-me, em seu âmago;
O não-saber és tua beleza
Rabisquemos a chuva
Rápido!
Corra! Dance!
Estamos na lua!
Tracejamos rimas
Pulamos penhascos acima
Abraçou-me, os braços içaram
Zarpar!
As estrelas gritaram
E pelo espaço,
para todos os lados;
Velejamos, atados
Tuas tantas palavras são combustíveis
As inspiro,
despertam sorrisos ilegíveis
Traduzo-a, em cores quentes
Abaixo, nebulosas nos caçoam;
Rimos, eloquentes
Sinto seu abraço forte,
Surpreso, perco-me
Tu sorri,
"Para o norte,
fiquemos a sorte"
Teu cheiro conforta
Confronta
Trajando o solstício;
Minha'lma afronta
Enche-me de essência...
Beija-me o rosto, desperto, percebo
Estamos em decadência!
Clamamos ajuda, nos divertimos
"Um balão, um balão!"
Nos agarramos, ao risos
Permite-me esta dança?
pergunto
"Tu, que minha'lma alcança"
Fechamos um contrato
Abrimos um contato
E com tato
Contamos os afagos...
Palavras não-ditas nos são altas
Sorrisos escondidos, porém largos
De dentro para fora
Os planetas nos fitam
"Que vejam!", diz me
"Somos achados, pedidos"
Caio, em ti, num breve cochilo
Pouso-lhe no ombro, resmungo
Cochicho
Permite, por muito
Meu descanso taciturno
Então cutuca-me,
disperso
Num salto de dizeres, lhe digo
"Já sei!
Para os polos do universo!"
Assente
A sente,
"uma boa rota, mas gente!"
Corremos
Cor, remos
"Senhor Balão!", ouço-a pedir
"Por favor, naquela direção!"
Mas desta, és meu, o aperto
Seria isto, que sinto,
uma aquarela no peito?
Que o vento nos diga
Seguimos!
Sem sinas
Tão próximos, há tanto, pouco tempo
"Nos vemos em rimas passadas",
venho, a mim dizendo
Num esboço
de palavra
Envolve-me o pescoço;
abraça
"Lá está! Lá está!"
Sorri-me
"Sim, iremos chegar",
e a giro, em meus braços
Tenho, comigo, obra mais linda do acaso!
Vemos, assim, o pôr-dos-sóis
No ar,
não há,
sozinhos, a sós
"A poesia prevalece",
sussurra-me
"E se pré-valesse?"
pergunto-lhe
Como resposta,
um sorriso se mostra
Repousa, em meu colo;
Decolo
Pairamos, uma vez mais,
sem planos
A noite se esvai
Ficamos
Novos dias estão a raiar
"Olhe, pequena.
São tantos,
em qual quer a-cor-dar?"
segunda-feira, 3 de março de 2014
domingo, 2 de março de 2014
Idéias atadas: Sorrisos de ligação
Escreve em mim, quando conversamos
E as letras são sorrisos!
Sim,
sorrisos da alma
Quando a gente escreve,
sorrimos de dentro pra fora
Pimpolha
Pudera eu,
te abraçar e girar
Mas sem soltar
O vento pode levar
Então gritarão,
por um momento:
"Atenção, atenção
Pimpolha ao vento!"
Éz, a garota de Netuno
Pele gélida, despida de cor
Em seu âmago, por bem baixo
Regurgita teu calor
Eu o vejo, o sinto
Cativa-me a cada passo
Encontro-me, perdido;
desgrenhado
Teus olhos são me névoas
Cutucam-me o orgulho
Sem pestanejar,
aceito, mergulho
Adentro, águas calmas
tingidas de branco
Aquece-me,
sou-lhe estranho
Nada me faz, porém
Não faz-me cativo
Não me detêm
E isto me cativa!
Procuro ir mais ao fundo
Estarei eu, perdido,
numa'lma perdida?
Tua calmaria muda de tom
Ao mover-me, percebo
Se mudam
quando pensamentos se vão
Então, sinto-lhe a me guiar
Convida-me
Deixa-me estar
Fecho os olhos,
sou levado
Passando por uma larga curva:
Seu sorriso,
cumprimenta-me num afago
Continuo a lhe descobrir
Chegando a uma grande janela,
peço que deixem-me ali
Me debruço,
olho, vejo
És teu olho!
E olha-se num espelho...
Diferente dos que eu vira
O teu és céu inteiro,
menina!
Vejo, assim, você
Absorvendo anoite
Estando, a ela, toda mercê
Sendo uma com a neblina
Vejo, em teus lábios,
um sorriso que não se vê,
um sorriso que se advinha
Veste uma leve seda, cor de tua pele
A Lua lhe desafia, sinto o olhar
A resposta?
Que o vento me revele...
As cortinam lhe convidam a voar
Vamos, leve-me contigo!
Posso ficar?
Então pisca
Vejo-me fora
Foi uma isca?
"Ficara muito tempo em órbita"
Me respondeu,
em risos pendeu
Entreguei-me aos mesmos
Afaguei-lhe os cabelos
Então, fico?
Tenho acesso, ao menos taciturno?
"Sim, Astro
Bem-vindo a Netuno"
sábado, 1 de março de 2014
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Pó-de-lua
Os grilos, agora sussurrando consolo
Lamentam o sorriso natimorto,
vitima de aborto
A cigarra que vive na esquina
Tem em seu canto o ar de uma sina perdida
As estrelas acolhem-no com abraços passados
Memórias batem-lhe a porta, gritando pelos pais:
Acasos...
Diz-lhes que já se foram, perdidos por aí
Como resposta
arrombam-lhe a porta
"Estamos aqui!"
Então ele vê, sente
Sorri!
As aceita
Em seu rosto, um sorriso se espreita
"Nada foi em vão!"
Lhe dizem
"Ela fora teu verão..."
Aparece-lhe, toda ela alegoria
Lábios travessos
Olhos de outono
Musa vespertina
Desliza pelo quarto
Roça-lhe pele
Arranha-lhe o braço
Corpos se atraem
Luas lhe são cúmplices
Provas de esvaem
Suas bocas dançam
Ritmo lento
Acasos bem-vindos
Perguntas ao vento
Testas se tocam
Narizes se aprovam
Olhares se cruzam
Num nó
Num nós!
Se perpetuam...
Graceja, a ela, uma confissão
Como resposta, sorri-lhe, toda ela verão
Então afasta-se,
Arranha-lhe, levemente, uma vez mais
Numa dança de outono
Toda ela se desfaz...
Mas ainda está presente
Ele a sente!
Ele assente!
Levemente...
Risos baixos pegam-lhe de supetão
Volte sempre!
Traga-me risos!
Menina verão!